Um mundo perfeitamente inventado

Posted by .... | Posted on 01:42

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O homem cria o objeto para que o objeto o mantenha vivo
O homem é capaz de se reinventar, de criar e recriar o que quiser
O homem pode, permitindo-se, revirar a vida de uma máquina igual
Uma vida que por mais robótica e nonsense, terá motivos para adiar o término
Por assim pensar e naturalmente conseguir inventar um homem exultante
Vivendo como quer, com todas suas vontades e todos seus desejos guardados
E com todos aqueles temores amenizados no mórbido silêncio do esquecimento sutil e passageiro 
Imagina-se um ser desprovido de preocupações, neutro por natureza, incapaz de sofrer
Tudo se faz destruído, um muro caído, o exercito inimigo preparado pra guerra 
No tempo em que surge a complicada questão do porquê. Qual a razão?
O motivo neutralizou a mente, perdeu-se, fugiu do controle... Já não interessa. 

Henrique Lucas

Quando tudo congela

Posted by .... | Posted in | Posted on 18:13

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Tudo pode parecer tão perfeito
O que é que se faz quando todos te olham?
Continua na perfeição nos olhos dos outros?
Ou encara a ironia e prova pra todo mundo que você é alguém?
Olha aquele mundo lá fora 
Aquelas árvores na praça 
Aqueles grupos de amigos
Penso se existe algum parasita na árvore 
E qual dos amigos carrega uma magnum
Sei que vai fazer falta todo o tempo perdido
Todos os minutos parados e eu não tenho o que dizer
Nessas horas queria ser máquina 
Ou que realmente existisse um Deus qualquer pra me proteger

Henrique Lucas

Hoje sou pedra

Posted by .... | Posted in | Posted on 03:53

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Hoje sou pedra
Não fale em meu ouvido nem grite meu nome
Hoje você não sabe quem sou
Nem me olhe por mais de dois segundos
Eu não mereço tamanha atenção
Sou mendigo a fumar nas ruas
Sou criança no farol
Sou o velho e a velha no asilo
De um asilo qualquer
Velho qualquer
Memória qualquer
Sou o gesto do recém-nascido a queimar no piche de uma metrópole
Sou o que cai da tua boca
O que rola na pia
Rodopia dos bares e padarias
Sou a família do viaduto
As estatísticas 
O giz e o x da questão
Menino adulto sem documento
Estou de cara no chão
Esperando autópsia
Fazendo sala na rua para convidados desconhecidos
Sou o cara de dedos queimados e mente limpa
Sou o pai no hospital a olhar nos olhos de seu filho lhe desejando uma boa morte
A mãe que adormece o filho que sente fome
Sou eu a criança infeliz e condenada que vai à escola mastigar a sopa
Sou a mesa de casa, leve e suja
Sou o olhar de meninas estupradas
Sou as mãos, os pés e o sangue do trabalhador
Sou o cachorro chutado
Os gatos na caixa de papelão
Caixa qualquer
Em porta qualquer
Chance sequer
Sou o protesto na rua
O povo e seus deveres
Sou a cara ferida por fluorescente
O eleitor que existe quando convém
Sou a rua em forma de mar
Os carros em forma de barcos
Pessoas em forma de garrafas pet
Sou aquilo que nasce
Aquilo que cresce
A coisa que não sabe por que existiu

Henrique Lucas


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